terça-feira, 23 de agosto de 2016

QUANTO TEMPO - Marlene Bittencourt

Quanto tempo faz? 
Nem me lembro mais 
Sei que não vai voltar 
Mesmo assim 
Vivo a esperar. 

Saio à rua 
Como a procurar 
Sei que não vai voltar 
Outro não quero 
Em seu lugar. 

Por isso vivo 
A esperar 
Lembro a voz, 
O olhar, o perfume. 

Pergunto ao meu coração 
Qual a razão 
Mas sei outro nele 
Não entra, não.

AGONIA - Marlene Bittencourt

Quando eu não amava, 
Dizia: vou cortar esse mal, 
Essa eterna amargura, 
Vou amar e ser feliz. 

Amei, que amargura 
Quis me curar, piorei. 
No amor encontrei mágoa 
E, à agonia que eu tinha, 
Novas mágoas juntei. 

O amor não é o que eu pensava. 
O amor é querer tudo o que não existe. 

O amor nasce de uma ilusão 
Que se atira cantando 
Atrás do céu azul de uma mentira 
Para ficar convencida 
Que a mentira do amor 
É a verdade da vida.

O QUE FAZER - Marlene Bittencourt

O que é que eu vou fazer 
Se eu perder você? 
O que é que eu vou fazer 
Quando eu me sentir sozinha 
Quando tudo se tornar saudade 
E nada mais? 
O que é que eu vou fazer 
Da minha paixão? 
Diga meu coração 
Quando eu não olhar 
Mais nos olhos dele, 
Nesse momento, 
O que é que a gente faz? 
Quando tudo for saudade 
O que é que a gente faz?

PRIMAVERA - Marlene Bittencourt

A primavera está chegando 
Sinto o perfume das flores 
Meu jardim está florido 
Por que você não volta? 
O céu está azul 
Minha alma sonha 
Ouço a voz 
Dos pássaros cantando 
E você não está aqui. 
Quero dizer a frase linda 
De ternura que jamais finda 
Que sei gosta de ouvir. 
Queria ser uma rosa 
Em suas mãos desfeita 
Para você desfolhar.

ENCANTAMENTO - Marlene Bittencourt

Sonho um doce encantamento 
Fecho os olhos e te vejo. 
Vivo um deslumbramento 
Que eu não sei por quê. 
Trazes luz em teu olhar. 
Quero te dar meu carinho 
Mas meu amor não posso te dar. 
Sei que não vou ter essa alegria 
Não te posso amar como eu queria. 
O vento quando passa, a rosa acaricia 
E eu sei que tuas carícias não terei.

TAÇA DE VENENO - Marlene Bittencourt

Se ouço uma voz na rua 
Acho que vais passar. 
À noite vejo uma sombra 
Acho que vais chegar. 
Se as pedras pudessem me ouvir 
Teriam pena de mim 
É que tudo em você 
É hipocrisia Teu sorriso encantador 
É taça de veneno Em forma de flor.

SEMPRE AGONIA - Marlene Bittencourt

Agonia de viver na incerteza 
De pensar nos dias que virão 
Sentir que a vida passa 
E a mocidade finda 
E o amor não cessa 
Em nosso coração. 

Agonia de saber 
Que a felicidade 
Que sempre procurei 
No tempo e na realidade 
Vivia junto a nós 
Perto de nossas mãos. 

Agonia pelo arrependimento 
Pela jura que não foi cumprida 
Promessa do calor de um momento 
O mais belo da nossa vida. 

Agonia de saber que a mocidade finda 
E a ternura está em nós 
Agonia dessa incerteza ainda, 
Sem pensar nos dias que virão.

PENSO EM TI - Marlene Bittencourt

Quero te ver por um momento 
Para te dizer que penso em ti 
Estás sempre em meu pensamento 
Desde o primeiro dia em te vi. 

Não quero te ver indiferente 
Ao sonho que sonhei um dia 
Teu olhar me dizer ternamente 
Tudo o que eu pressentia. 

Quero, mas te espero em vão 
Vejo meus pensamentos dispersos 
Tua tristeza e a minha 
E a saudade de ti está em meus versos.

A CASA - Marlene Bittencourt

Tu te lembras daquela casa 
Onde começou o nosso amor? 
Tinha rosas, violetas e jasmim. 
Lembras-te das juras que me fizeste 
Mas não cumpriste? 
As flores murcharam 
Perderam suas cores 
As árvores morreram. 
Eu fico a lembrar 
Daquela casa 
Onde juras me fizeste.

CANTO PARA A LUA - Marlene Bittencourt

A noite está calma 
Tudo é silêncio 
O céu está enluarado 
E cheio de estrelas. 
Canto, mas estás dormindo 
Não me ouves. 

A lua parece me ouvir 
Canto para ela 
Falo do meu amor 
E tu nem sabes 
Desta história 
Do meu amor por ti.

UM SONHO - Marlene Bittencourt

Ontem eu disse a mim mesma 
Vou mandar a tristeza embora 
Vou sair e me divertir 
Vou dançar. 

O salão estava cheio 
Alguém me tirou para dançar. 
A orquestra tocava um bolero 
A letra era assim 
“E assim se passaram dez anos, 
Sem eu ver teus olhos, 
Sem beijar teus lábios...” 

Voltei ao passado, tantos anos passaram 
Lembrei das palavras que ouvia 
Doces frases de amor. 
A música parou, voltei à realidade 
O sonho acabou 
A tristeza voltou.

PODES IR - Marlene Bittencourt

Eu quero que te vás 
Que ande pelo mundo 
Que conheças outras gentes 
Que beijes outras bocas 
Para que me compares. 

Sei que meu carinho 
Faz-te falta 
Mesmo que não queiras 
Eu sou tua amada. 

Se encontrares alguém 
Que te ame e que ames também 
Então sairei da tua vida. 
Irei com o sol 
Quando morrer a tarde.

QUERO TEU AMOR - Marlene Bittencourt


Sabes bem como te amo
Sabes bem como te quero.
Você lamenta porque não sou feliz.
Longe de ti
Não quero que lamentes
Só quero que saibas
Que não sei viver em ti.
Eu quero teu amor para ser feliz
Quando me amares também.

VIDA VAZIA - Marlene Bittencourt


Na parede do meu quarto
Ainda está o seu retrato
Já velho, desbotado
Com um sorriso nos lábios.
No espelho eu vejo
As marcas no meu rosto
Os meus cabelos brancos
Saudades dos meus vinte anos.
Deixaste em minha vida
A saudade que é só minha
Hoje desiludida
Vivo uma vida vazia.

A ESPERA - Marlene Bittencourt

Sei que não virás 
Mas fico a te esperar 
Fico imaginando 
Que vais chegar. 

Quando tu partiste 
Vi tristeza em teu olhar 
Fostes sem saber quando voltar 
Minha sombra te seguiu. 

Que saudades 
Queria sentir teus abraços 
Parece que ouço teus passos 
Fico a te esperar. 

Não esqueço teu olhar 
Por mais que passe o tempo 
Aquele olhar triste 
Em silêncio dizendo adeus.

MENTES - Marlene Bittencourt

Mentes dizendo que te amo 
Sabes que não é verdade 
Dizes que te adoro 
Que sofro por ti. 
Nem mesmo eu acredito 
Que eu já te amei 
Mas me orgulho em dizer 
Que sou a mulher que outros desejam 
E a ti já não quer. 
Um dia te dei meu carinho 
E tu me deste desilusão.

OUTRO SONHO - Marlene Bittencourt

Hoje, mais uma vez 
Eu sonhei com você. 
Senti vontade de abraçá-lo 
Certo seria meu sonho contar. 

Guardo um segredo 
Que me faz sofrer 
Um amor que é forte 
E não posso dizer. 

Mais cedo ou mais tarde 
Eu terei que contar 
Eu o amei, eu o amo 
Sempre o amarei. 

E meu peito calado 
Sem você ao meu lado 
E só sei sonhar 
O sonho não posso contar.

QUANDO CHEGAR - Marlene Bittencourt

Ninguém acredita 
Que eu o amo 
Pois nunca amei 
Eu mesma não sei. 

Só quero viver com você 
Tenho ciúmes 
Quero que só pense em mim 
Vem quando vier. 

Chega de onde chegar 
Aqui estarei 
Sempre a lhe esperar 
Só para lhe amar.

VOLTA - Marlene Bittencourt

Você saiu 
Deixei a porta aberta. 
Se quiser voltar 
Faça de conta 
Que eu não vi você sair; 
Não falo da minha dor 
Felicidades lhe darei 
E perdoarei, eu prometo 
A outra não soube amá-lo 
Eu sei!

A TARDE - Marlene Bittencourt

Saio à porta e vejo a tarde 
Morna, serena e quieta 
Como todas as tardes 
O reflexo do sol bate nas folhas 
E nos cabelos das crianças 
Ando na tarde e ela me acolhe 
E me acaricia 
E parece então 
Que também sou uma criança 
Que brinca na tarde 
Indo direto do chão ao paraíso.

PALAVRAS - Marlene Bittencourt

Eu já pouco conversava 
Antes desse defeito 
De repetir as palavras 
A culpa não é minha 
A culpa é das palavras 
Eu digo uma palavra 
E ela fica boiando no ar 
Sem nexo 
Apenas a metade 
Da palavra que eu quis dizer 
Repito outra vez 
Mas quando eu escrevo 
Quando faço meus versos 
A palavra sai inteira.

A ESTRADA - Marlene Bittencourt

Será que tem um lugar 
Para ficar com você? 
Tudo eu sei ia mudar 
Talvez eu não ia mais chorar 
Mas sigo uma estrada 
Não posso demorar 
No meu caminho sigo só 
Você não quer me acompanhar 
A saudade vou encontrar 
Só vou lembrar de você 
Outra estrada para mim 
Não servirá, já que vou só.

O TEMPO PASSOU - Marlene Bittencourt

Hoje acordei pensando 
O tempo passou rápido 
E de mim não sai 
A saudade desse tempo 
Tudo passou eu sei 
Mas em mim ficou 
Essa lembrança boa 
Que eu gosto de lembrar 
Em meu coração ficou 
Um lugar vazio e triste 
Que nunca será ocupado 
Nele só entra a saudade 
Do tempo que passou.

O POETA II - Marlene Bittencourt

Em que pensas poeta? 
As saudades dormem 
No perfume das rosas 
Do passado já perdido? 
Ou lembras dos sonhos de criança? 
Te pões a pensar 
Nos dias vividos 
E recordas de alguém? 
Por que pensar poeta 
No que já passou? 
São essas saudades 
Que nos sonhos revives 
Feliz, feliz quem dera 
Voltar a primavera 
Do tempo que passou.

LÁGRIMAS - Marlene Bittencourt

Quando chegares chorando 
Eu, de tanto esperar, que direi? 
E da angústia de te amar 
Sempre esperando te amarei. 

Que beijo de lágrimas terei 
Para esquecer o que vivi lembrando 
E que parei com a antiga mágoa 
Quando não puder dizer que chorei? 

Como ocultar a sombra em mim 
Pelo martírio da memória, enfim 
Que a distância criou Sua imagem compus serena. 
Atento à minha pena e ao meu apelo 
E que quisera nunca esquecer 
Para não mais perder.

EM SEGREDO - Marlene Bittencourt

Eu tenho uns amores 
E quem é que não tem? 
Nos tempos de agora 
Amor não faz mal 
E quem sente paixão como eu 
Que digam, que falem 
Ao mundo em geral. 

O amor dos meus sonhos 
É bonito, elegante 
Mas onde ele mora 
Que casa ele habita 
A ninguém vou contar. 

Seu rosto bonito 
Um corpo de atleta 
Em seus lábios a voz é doce 
Os olhos são serenos e puros 
Não sei se é sincero ou mente 
Não quero, não devo contar.

SUAS CORES - Marlene Bittencourt

És um pintor de quadros 
Venho sempre olhar tuas obras 
Mas não posso sempre dizer sim 
Ou pincelas demais tuas telas 
Ou falta ou sobra algo ali. 

Nada entendo de pinturas em telas 
Mas as tuas as sinto assim 
Pintas com a alma, são só tuas 
Aliado aos teus medos tão humanos 
Que mais posso definir? 
Só sei que olhando tuas obras 
Que para sempre em tuas cores me perdi.

A LUA FORMOSA - Marlene Bittencourt

Quando cai a noite 
Gosto de meditar 
As estrelas no céu cintilam 
E se espelham no mar. 

A lua formosa e linda 
Fica toda vaidosa 
Nas águas vai se olhar 
Nessas horas de silêncio. 

De tristeza e de amor 
Eu gosto de ouvir ao longe 
Os grilos a cantar 
E a coruja a voar. 

Eu solto o eco na noite 
Suspiro dessa saudade 
Que no meu peito vive 
Saudades dos meus amores.

AS ÁGUAS DO RIO - Marlene Bittencourt

O mundo era para mim 
Permanente e verdadeiro 
Com todas as pessoas e coisas 
Em seus lugares definidos. 

Com o tempo aprendi 
Que ele é como um rio 
Em suas águas todos se foram 
Deixando boiando num canto 
Perdidos despojos da lembrança.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

PALAVRAS RUINS - Marlene Bittencourt

Eu estava feliz 
Versos de amor eu fiz 
Palavras eu ouvi 
Para me fazer cair. 

Para mim tudo era luz 
Não existia a escuridão 
Mas um coração duro 
Me jogou no chão. 

Falou coisas ruins 
Que era o que via em mim 
Mas a esperança de vencer 
Me deu forças para crescer. 

Mas esse coração duro 
Que só vê coisas ruins 
Um dia vai ver 
Que eu venci.